HISTÓRIA DO KUNG FU (功夫)
A história da humanidade sempre foi marcada por vários tipos de disputas comerciais, esportivas, culturais, industriais, amorosas, políticas, familiares, entre outras, desde tempos idos até os dias de hoje. Muitas foram as pessoas que acreditando serem poderosas, extrapolaram seus limites chegando a exterminar povos e mais povos com tremenda crueldade. Impérios foram erguidos e destruídos, donde se constata a enfermidade da vida humana e suas más ações e de que tudo que é feito para prejudicar seu semelhante lhe retorna em dobro.
Na luta pela sobrevivência ou seja no combate a seus semelhantes e aos animais, o homem vem utilizando desde outrora objetos como pedras, galhos de árvores ou mesmo ossos de animais como armas, considerados como princípios das artes marciais, além de artifícios mesquinhos (intrigas, espionagem, falta de ética, etc.) para os superar.
Quando a luta acontecia, os homens melhor treinados em combate sempre ganhavam, ao passo que os destreinados eram sempre derrotados. Por isso as pessoas, especialmente os militares, na antiga China se esforçavam para aprender as habilidades individuais ao invés de trabalharem em grupo, porque sabiam que um homem com excelente habilidade poderia derrotar vários adversários, daí o porque das habilidades da arte de combate chinesa se destacar em tempos antigos.
Os antigos chineses dependiam tanto de seus punhos que desenvolveram um método de pugilismo chamado Boxe Chinês, conhecido no Ocidente como Kung Fu, graças a imigrantes cantoneses radicados nos EUA no século XIX.
Kung Fu (功夫) é uma importante herança da cultura chinesa e segundo pesquisadores suas origens remontam a mais ou menos 25000 anos atrás graças as descobertas por arqueólogos de machados de pedras, facas, flechas utilizadas pelos homem pré-histórico chinês para caçar animais, bem como se defenderem e atacar seus inimigos.
O termo Kung Fu que não é sinônimo para artes marciais chinesas possui vários significados, entre os quais estes:
KUNG: energia, habilidade, trabalho
FU: tempo
Assim temos “tempo de habilidade”.
KUNG: disciplina
FU: pessoa
Assim temos “pessoa disciplinada”.
Outras traduções sutis são:
“Esforço e tempo desprendido para executar uma tarefa ou dominar uma habilidade”.
“Perfeição encontrada através da aplicação”.
Em outras palavras, Kung Fu não é propriamente uma habilidade – tal qual perícia em artes marciais – mas um processo de trabalho e prática através do qual uma habilidade ou perícia é desenvolvida .
A cultura chinesa prega que para dominar qualquer estilo marcial chinês leva-se no mínimo uma década de devotado esforço, desta forma Kung Fu torna-se sim sinônimo de arte marcial chinesa.
Cabe ressaltar que por tradição o termo correto a ser utilizado seria “WUSHU”. Traduzido diretamente do chinês, WU significa “militar, marcial, e SHU denota uma “habilidade, técnica,arte. A definição de arte marcial para WUSHU tornou-se mais profunda, por ser verdadeiramente a combinação harmônica do corpo, mente e espírito em ordem para tornar uma pessoa melhor e viver uma vida melhor fazendo com que os termos KUNG FU e WUSHU tão populares e difundidos tornem-se um só. Outro termo “KUOSHU” ou Arte Nacional foi criado em 1928 pelo governo nacionalista chinês com o forte propósito de recuperar os estilos de WU SHU que quase desapareceram durante os anos de ocupação da China pelos Manchus.
Passando por diversas transformações durante várias dinastias até fins do século XX onde se inclui estratégias militares e Medicina Tradicional Chinesa com destaque para PIN CHUH e HUA TO, famosos médicos acupunturistas e cirurgiões, sendo este último criador do Boxe Hua ou Boxe dos 5 Animais – tigre, macaco, garça, cervo e urso – considerado o antecessor dos estilos de Kung Fu e que visava melhorar a saúde do povo chinês.
Mas foi durante a dinastia NAN BEI CHAO (Norte-Sul) com a chegada do Monge Budista Indiano (28° sucessor de Buddha) chamado BODHIDHARMA (P’U-TI-TA-MO) que as artes marciais chinesas começaram a despontar para o mundo.
As artes marciais chinesas atingiram seu apogeu técnico entre meados dos séculos XVII e XVIII, quando os Templos Shaolin do Norte e do Sul estavam engajados no duro treinamento revolucionário para derrubar a dinastia CH’ING dos invasores Manchus.
Do século XVIII ao século XX as artes marciais chinesas alcançaram a fama em todo mundo abrilhantadas por estupendos feitos de WONG FEI HUNG, HUO WEN CHIA (fundador de CHIN WU), LAI HUNG, JET LI, JACKIE CHAN e principalmente LEE JUN FAN (BRUCE LEE), introdutor do estilo WING CHUN nos EUA e criador do JUN FAN KUNG FU e JEET KUNE DO e outros excelentes praticantes que provaram ao mundo que a luta chinesa realmente funciona desmistificando o conceito criado nos círculos de artes marciais que o Kung Fu não passa de um balé feito por pessoas desqualificadas culturalmente que não compreenderam o real significado das artes marciais que praticam originadas direta ou indiretamente do Kung Fu, ressaltando que o governo invasor Manchu proibira sua prática no século XVII e iniciou perseguições a praticantes que buscaram refúgio em óperas chinesas onde mesclaram formas de Kung Fu com passos de danças e acrobacias destituído de força ou aplicação prática fazendo com que daquele período aos dias atuais poucos ocidentais e chineses tivessem acesso ao verdadeiro Kung Fu.
O KUNG FU (功夫) possui tendências diferentes, entre as quais:
Meditação; Defesa Pessoal; Luta de Demonstração; Filosofia; Medicina; Línguas; Artes; História; entre outras.
Não possui graduações por faixas, como nos sistemas japoneses e coreanos, ao contrário utiliza-se de cintas como parte do uniforme de treinamento. O sistema de graduação é baseado na estrutura familiar chinesa, a qual sempre coloca o mais antigo em prática como o chefe do clã.
O Kung Fu (功夫) é praticado com ginástica apropriada, movimentos de luta individuais (Tao Lus), técnicas de ataque e defesa, movimentos de luta a dois (Toi Tchas), os quais requer humildade, paciência e cautela por parte do estudante e nos níveis avançados a prática da caligrafia chinesa, pintura chinesa, medicina tradicional e etc. Estas disciplinas tornam-se bens inestimáveis por toda a vida. Um indivíduo pode aplicá-los em suas atividades profissionais, acadêmicas e sociais. Portanto estas habilidades tornam-se uma parte da personalidade, um caminho de vida. Velocidade, força, precisão, coordenação motora grossa e fina, concentração, memorização, raciocínio, respiração correta são desenvolvidos, resultando em equilíbrio das funções psíquicas e orgânicas, socialização e bem estar do corpo. Homens, mulheres, crianças e idosos podem praticá-lo.
QI (CHI) = Energia vital, respiração; GONG (KUNG) = Trabalho ou habilidade é a tradução para uma antiga arte chinesa utilizada para gerenciar a energia vital e melhorar a saúde, prevenir, tratar doenças e prolongar a vida através de práticas de exercícios respiratórios, automassagem, movimentos corporais leves e técnicas mentais (meditação) visando purificar, fortalecer atualizar e fazer circular energia (Qi) vital no corpo. Qi Gong trabalha a força fundamental do corpo conhecido como Qi do qual todos os fenomenos físicos do corpo (ou seja, as celulas, tecidos, órgãos, sangue, ossos) são derivados. Para trabalhar os níveis do Qi, portanto devemos direciona-lo a todas as partes do corpo facilitando a oxigenação do sangue e grande controle das funções cardiovasculares e reforço do sistema imunológico o que levou a introdução do Qi Gong em hospitais chineses na 2ª. metade da década de 1950.
A ideia do CHI pode ser considerada como um modo elegante e versátil de escrever forças da natureza e como são interpretadas pelo saber chinês. Muitos textos antigos concebem a origem do Universo como uma massa de CHI caótica que estava dividida em YIN YANG (trevas e luzes). Foi através de uma completa interação do YIN e YANG quando coisas – tanto invisíveis como visíveis começaram a existir. Deste conceito originou-se uma série de ricas tradições e crenças que acompanham os chineses.
De todas as séries de conhecimento que incorporam o termo CHI em seu vocabulário, é possível que a medicina herbalística e o CHI KUNG sejam os mais conhecidos. Este último engloba uma série de exercícios respiratórios e musculares que se tornaram populares em todo mundo.
O termo CHI representa um antigo conceito filosófico. O filósofo KUAN-TZE, da época Pré-CHIN, escreveu : “A essência de toda a criação desceu a Terra para formar os 5 elementos e se eleva aos céus e estrelas; quando está entre o céu e a Terra os chamamos de espíritos e fantasmas, e quando nos pulmões do homem este é uni sábio. Este é o significado de CHI.
A concepção da antiga China da origem da vida não se concebia como hoje, pela união do esperma com o óvulo, seguida da concepção do feto no ventre materno que vai alimentando com seu sangue através do cordão umbilical. Para eles um ser humano levava consigo um CHI inato ou temperamento congênito. Este CHi dispõe de seu próprio ser físico e mental, e é diferente do CHI “adquirido” que se respira depois do nascimento, e do CHI derivado da essência da água e grão, que se adquire ao comer e beber. Estes outros tipos de CHI servem para alimentar e ajudar o CHI inato, que se falhar traz consigo a morte. A medicina chinesa, com uma continua tradição desde a Antiguidade, considera o corpo humano como parte e parcela do Cosmo, formando em si mesmo um universo independente em miniatura. Esta concepção reflete a atitude de vida dos chineses.
Atualmente existem escolas de QIGONG na China e no Ocidente que trocam conhecimentos por dinheiro. Porém CHI KUNG não é conhecimento e tão pouco habilidade. É um continuo ajuste do corpo e espírito para alcançar um equilíbrio total que capacitara as próprias capacidades naturais e a própria personalidade a chegar a um grau máximo. A prática do CHI KUNG depende essencialmente de si mesmo e é assunto de toda uma vida. O mestre só pode oferecer um método, umas linhas-guias básicas, e nem sequer um gênio seria capaz de dominar todas as técnicas em 1 ou 2 cursos. É uma dedicação e cultivo de vida.
QIGONG é dividido tradicionalmente em diferente ramos: Taoísta, Confucionista, Budista, Médico, e Marcial. Dentro de cada ramo existem inúmeras seitas e escolas diferentes.
Listamos algumas formas praticadas junto aos sistemas da USKF/AFK que estão sob a tutela do Sifu Mendes e somadas a tantas outras dentro do exclusivo sistema Fatshan Daiyan Qigong entre as quais Jiu Zhuan Da Yun Tian (Qigong Pré-Natal – 9 Padrões para induzir a larga circulação do Qi).
As 4 primeiras são desde 2003 reconhecidas oficialmente pelo Chinese Health Qigong Association, membro do All-China Sports Federation.
1) 八段锦 Ba Duan Jin – 8 seções do Brocado.
As 8 seções do brocado é chamado BA DUAN JIN em mandarim, ou PA TUAN CHIN em cantonês. BA DUAN literalmente significa “8 seções”. JIN significa “brocado” mas pode também significar “brilhante”, “belo”, “glorioso panorama” ou “futuro esplêndido”. As 8 seções do brocado é uma das formas do QIGONG (Chi Kung) mais populares do mundo. Ela é uma série de 8 simples movimentos que tem sido transmitidos através dos séculos. Praticado por homens e mulheres de todas as idades e por artistas marciais e não-praticantes. Ela é famosa por sua elegância e eficácia. Embora estes movimentos sejam simples, há profunda sabedoria nesta forma de QIGONG. Aqui no Ocidente, ele está tendo imensa aceitação entre as diversas camadas da sociedade e comunidades médicas.
Com tamanha audiência dos entusiastas, Brocado tem se desenvolvido em muitas versões diferentes, muitas variações assentadas e em pé. No Templo Shaolin, o Brocado é considerado um dos métodos fundamentais de QIGONG. Ele é muitas vezes ensinado como prelúdio para as mais famosas formas de SHAOLIN QIGONG, o YIJINJING, XISUIJING, etc.
Estes exercícios corrigem erros de postura, eliminam os problemas respiratórios tais como bronquites e asma, e especialmente a concentração e disciplina da criança, sendo um grande auxílio durante a fase escolar. São apenas “OITO EXERCÍCIOS” realmente considerados “PRECIOSOS”.
Ba Duan
- Di yi shi (1ª seção): Shuang shou tuo tian li san jiao
- Di er shi (2ª postura): Zuo you kai gong shi she diao
- Di sam shi (3ª postura): Tiao li pi wei dan ju shou
- Di sz shi (4ª seção): Wu lao qi shang wang hou qiao
- Di wu shic (5ª postura): Yao tou bai wei qu xin huo
- Di liu shi (6ª postura): Liang shou pan zu gu shen yao.
- Di qi shi (7ª postura): Zuan quan mu um zeng qi li.
- Di ba shi (8ª postura): Bei hou qi dian bai bing xiao.
Ao final dos movimentos:
Shou gong (finalizando a forma falando a palavra amitoufo (amitaba sânscrito).
2) Wu Qin Xi ( 5 Animais).
3) Liu Zi Jue( 6 sons de cura).
4) Yi Jin Jing.